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segunda-feira, 25 de julho de 2016

Nildo Viana e a Formação do Gosto Musical

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

Faculdade de Educação - Departamento de Estudos Básicos

Disciplina: EDU01016 - Projetos de Aprendizagem em Ambientes Digitais - Turma B

Professor: Crediné Silva de Menezes

 Alunos: Filipi Santos Correa e Rafaella da Silva Barros


UMA INDAGAÇÃO SOBRE GOSTO MUSICAL

            Sendo fomentados a pensar em uma questão a ser refletida e, a partir dela, desenvolver um projeto de aprendizagem conjunta em ambientes digitais, tivemos nossos interesses voltados para o mesmo assunto, uma indagação a respeito do gosto musical. Nosso ponto de partida para a reflexão desta temática contituiu-se em nos perguntar se o gosto musical seria um fator de distinção social. Nossa certeza provisória a respeito da questão era a de que o gosto musical consistia em ser um fator, mas não o único, de aproximação e de relação interpessoais, ou seja, algo de influência sobre as relações sociais. Nesse sentido, nossa dúvida temporária com relação à questão era se esse mesmo gosto musical, que aproxima pessoas por suas preferências, seria prédeterminado por uma espécie de "determinismo social", isto é, se o gosto musical consistiria em ser um fator de distinção de grupos sociais. A partir daí, nossa questão passou a ser desenvolvida como projeto de aprendizagem, e nos empenhamos em sair da reflexão pura, partindo para a busca de respostas em diferentes meios.

            Encontramos na leitura de Nildo Viana, doutor em Sociologia pela UnB, uma das respostas à nossa dúvida temporária. Diz ele em seu artigo O Capital Fonográfico e a Formação do Gosto Musical:

"[...] o gosto dos indivíduos é formado socialmente, mas como os indivíduos possuem uma singularidade psíquica, uma história de vida única, então as chamadas idiossincrasias são elementos diferenciadores na constituição do gosto. No caso do gosto musical, deixando de lado as diferenças individuais, que existem, mas que não são coisas metafísicas, são elas mesmas produtos sociais, é possível entender a sua formação num nível mais geral, no caso dos grupos sociais. Pensar no gosto musical da população é algo problemático, tendo em vista que não há homogeneidade neste gosto. Neste sentido, é interessante perceber que o gosto musical é composto por diversas camadas que expressam um grupo social ou diversos grupos/classes sociais".

            Nesta leitura, Nildo Viana faz uma distinção entre o gosto musical e o gosto em si. Neste, ele reconhece as diferenças individuais como elementos diferenciadores na sua constituição. Naquele, considera já as diferenças individuais como produtos sociais, o que o leva a entender o gosto musical como expressão de um grupo social. Sob este viés, nossa dúvida temporária em relação ao gosto musical prédeterminado se encaminha para uma afirmação, que se estende para a questão de nosso projeto. Ou seja, com esta leitura seria possível afirmar que o gosto musical é um fator de distinção social.

            Como trata-se de um projeto de aprendizagem em ambientes digitais, criamos uma enquete na rede social  facebook para termos acesso às respostas de diferentes pessoas sobre essa mesma questão. Analisando as respostas, encontramos uma diferente perspectiva daquela apresentada por Nildo Viana. Quarenta por cento dos participantes da enquete responderam que não consideram o gosto musical um fator de distinção social, ao que trinta por cento responderam ter dúvidas. Assim sendo, nossa dúvida temporária resolve-se com o entendimento de um gosto musical não-prédeterminado. Para utilizar os termos de Nildo Viana, entende-se aqui que as diferenças individuais sobressaem o determinismo social também na constituição do gosto musical.

            Em ambas as perspectivas foi possível confirmar nossa certeza provisória. Na leitura de Nildo Viana ela se confirma ao considerar o gosto musical um fator de influência nas relações sociais. O que acontece aqui é um enfoque nessa característica, que culmina no pensamento do gosto musical como expressão das diferentes classes sociais, deixando de lado as idiossincrasias. Já com base nas respostas da enquete, nossa certeza se confirma ao considerar o gosto musical como apenas um dos fatores dessa influência. Aqui se leva em conta as diferenças individuais na formação do gosto musical.

            Tendo em vista as duas perspectivas, o gosto musical pode ser entendido não como um fator de distinção social, mas talvez como um fator da distinção social. Isto é, se partirmos da leitura feita por Nildo Viana entenderemos o gosto musical como expressão de grupos sociais; preferências musicais distintas são encontradas dentro desses grupos, mas não servem para determiná-los ou para limitar que gosto musical seus indivíduos podem ter. Nesse sentido, mesmo que preferências musicais distintas sejam encontradas dentro dos grupos, as diferenças individuais prevalecem e são relevantes na constituição do gosto musical, o que vai relaciona-se com as respostas dos internautas.


            Desse modo, é possível pensar nos contextos reais em que diferentes gostos musicais são encontrados dentro de um mesmo grupo social, ou seja, contextos em que há a aproximação com o diferente. Tal aproximação acontece de forma positiva e contribui para o enriquecimento cultural dos indivíduos.


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